Os primeiros raios do sol nascente tingiam o horizonte de ouro quando o exército de Ranael avistou Aurora Arcana. A cidade se erguia imponente na planície, cercada por montanhas ao norte e ao sul, com o vasto mar a oeste. À distância, suas torres de cristal e pedra polida cintilavam com um brilho quase sobrenatural, refletindo a luz matinal em milhares de facetas coloridas.
Ranael, montado em seu corcel negro, contemplava a cidade com um misto de admiração e determinação. Vestia sua armadura completa de batalha, e a Lâmina da Alma repousava em sua bainha, sua aura sutil pulsando como um coração à espera de sangue. Ao seu lado, Ul'ham mantinha-se em silêncio, seu martelo de guerra com as rachaduras luminosas amarrado às costas.
“A joia de Anthares”, murmurou Ranael, seus olhos fixos nas torres arcanas. “O último bastião que resiste à unificação do continente.”
Ul'ham assentiu, seu rosto sempre impassível sob a luz matinal. “Uma joia incrustada em pedra e magia. Não será conquistada com a facilidade das terras do norte.”
Atrás deles, estendendo-se por quilômetros, o exército unificado do Norte parecia uma maré metálica — mais de sessenta mil homens, incluindo as legiões de Ranael e os temidos paladinos de Ygha. Estandartes tremulavam ao vento, e o ruído constante de metal, couro e vozes criava uma sinfonia sombria de guerra iminente.
“Que comece o cerco”, ordenou Ranael, e o exército começou sua marcha final em direção à cidade arcana.
Dentro dos muros de Aurora Arcana, a atmosfera era de calma controlada. Enquanto sentinelas nas torres mais altas anunciavam a chegada do exército inimigo, Hogan Yampick subia os últimos degraus da Torre Celestial, o ponto mais alto da cidade. Era um homem alto e elegante, com postura ereta e movimentos precisos. Seus cabelos negros, já mostrando fios prateados nas têmporas, estavam presos em um rabo de cavalo simples, e sua barba bem aparada emoldurava feições aristocráticas. Vestia túnicas azuis profundas com detalhes dourados que representavam constelações e runas arcanas.
Ao chegar ao topo da torre, Hogan contemplou por um momento a vasta planície além dos limites da cidade, onde o exército de Ranael se aproximava como uma mancha escura que devorava o horizonte. Seus olhos, de um azul tão intenso que pareciam conter o próprio céu, não demonstravam medo, apenas uma resolução inabalável.
No centro da plataforma circular que coroava a torre, repousava a Grande Runa — um disco maciço de cristal e rochas com trinta metros de diâmetro, entalhado com milhares de símbolos arcanos interconectados que pulsavam com luz própria. Era o resultado de anos de trabalho dos mais habilidosos arcanistas da cidade, cada símbolo calculado e posicionado com precisão milimétrica, cada material selecionado por suas propriedades condutoras de energia mágica.
Doze arcanistas seniores estavam posicionados em pontos específicos ao redor da Grande Runa, suas mãos erguidas, canalizando energia para o artefato que já brilhava com intensidade quase dolorosa para os olhos.
Hogan tomou seu lugar no círculo, completando a formação.
“Chegou a hora”, anunciou, sua voz calma, mas firme. “Por Aurora Arcana. Pelo legado de Yampick.”
Como um só corpo, os treze arcanistas começaram a entoar um cântico rítmico em uma língua antiga, seus gestos sincronizados em uma coreografia complexa. A Grande Runa respondeu com um pulso de luz que se intensificou gradualmente, seus símbolos acendendo-se em sequência até que todo o disco parecia uma estrela caída do céu.
Um pilar de luz azul-prateada irrompeu do centro da runa, projetando-se centenas de metros para o céu antes de se expandir como um guarda-chuva luminoso. A energia arcana desceu em cascata, formando uma cúpula semitransparente que envolvia toda a cidade e parte do porto. Onde a barreira tocava o solo, símbolos arcanos se acendiam no chão, selando o perímetro com um brilho alaranjado constante.
A Barreira Arcana estava ativada — uma proteção impenetrável contra o exército que se aproximava.
Hogan observou sua obra com satisfação contida. Oitenta anos após seu ancestral ter descoberto os segredos do arcanismo, Aurora Arcana demonstraria ao mundo que aquele conhecimento não era apenas para criação e comércio, mas também para proteção e independência.
“Que Ranael tente romper isto”, murmurou para si mesmo, enquanto o brilho alaranjado da barreira refletia em seus olhos determinados.
O avanço do exército de Ranael parou abruptamente a cerca de duzentos metros da barreira arcana. Os comandantes de campo observavam com espanto a cúpula energética semitransparente que agora cobria completamente a cidade. Vista de perto, a barreira tinha uma coloração alaranjada e causava uma leve distorção visual, como o calor que se eleva do asfalto em um dia quente.
Ranael desmontou de seu cavalo e caminhou até a linha da frente, aproximando-se cautelosamente da barreira. Ul'ham o seguiu em silêncio, seu olhar analítico estudando o fenômeno arcano.
“Que tipo de magia é essa?”, questionou Ranael, a irritação evidente em sua voz.
“Arcanismo avançado”, respondeu Ul'ham. “Os descendentes de Yampick aperfeiçoaram seus conhecimentos nos últimos oitenta anos.”
Ranael esticou a mão, quase tocando a barreira, mas Ul'ham segurou seu pulso com firmeza.
“Não recomendaria”, advertiu o Paladino Supremo. “A energia arcana pode ser imprevisível para aqueles que não a compreendem.”
Ranael recuou a mão, seus olhos nunca deixando a cidade que agora parecia inatingível atrás da proteção mágica.
“Monte o acampamento”, ordenou a um de seus generais. “Estabeleça o perímetro de cerco completo. Ninguém entra ou sai desta cidade.”
Enquanto seus soldados se dispersavam para cumprir suas ordens, Ranael observou o porto de Aurora Arcana na costa oeste. Navios de todos os tamanhos continuavam seu vai e vem normal, claramente indiferentes ao exército que agora cercava a cidade por terra.
“O porto”, observou Ranael. “A barreira não o cobre completamente.”
“Uma necessidade estratégica”, respondeu Ul'ham. “Eles precisam manter suas rotas marítimas de comércio. É assim que sobreviverão a um cerco prolongado.”
“Então bloquearemos o porto”, decidiu Ranael instantaneamente.
Ul'ham balançou a cabeça. “Nossa frota está a semanas de distância, e mesmo quando chegar, Aurora Arcana possui a maior força naval de Anthares. Seus navios são fortificados com arcanismo — mais rápidos, mais manobráveis e mais resistentes que qualquer outra embarcação.”
Ranael cerrou os punhos, a frustração evidente em seu rosto marcado pela cicatriz. “Então o que sugere, Paladino? Que abandonemos nossa conquista tão perto do final?”
“Sugiro paciência, Majestade”, respondeu Ul'ham com calma. “Toda proteção tem seus pontos fracos. Todo sistema tem suas falhas. Precisamos observar, compreender e então agir.”
Ranael fitou novamente a cidade protegida, seu olhar carregado de determinação. “Que assim seja. Mas saiba disto, Ul'ham — não partirei de Anthares sem que Aurora Arcana se ajoelhe perante mim.”
Nas semanas que se seguiram, o cerco estabeleceu um ritmo próprio. O exército de Ranael construiu um acampamento permanente, transformando a planície ao redor de Aurora Arcana em uma cidade militar improvisada. Trincheiras, paliçadas e torres de vigia foram erguidas em tempo recorde, criando um anel de aço e madeira que envolvia completamente a cidade arcana por terra.
As primeiras tentativas de romper a barreira foram tão diversas quanto ineficazes. Catapultas lançaram enormes pedras que simplesmente ricocheteavam na superfície energética, sem causar o menor dano. Flechas incendiárias criavam espetáculos de luz ao encontrar a barreira, mas se desintegravam instantaneamente. Os paladinos de Ygha tentaram canalizar o poder divino contra a proteção arcana, apenas para descobrir que ambas as energias eram completamente incompatíveis — a luz dourada de Uormu simplesmente se dispersava ao tocar a barreira alaranjada.
Dentro do acampamento de Ranael, o Conselho de Guerra reunia-se diariamente para avaliar estratégias e planejar novos ataques. A tenda real, vasta e luxuosa mesmo em condições de campanha, tornara-se o centro nervoso da operação.
“Nossos engenheiros de cerco sugerem túneis”, propôs o General Khorsav, apontando para um mapa detalhado da região. “Se não podemos atravessar a barreira, talvez possamos passar por baixo dela.”
Ul'ham, que permanecia em pé próximo à entrada da tenda, balançou a cabeça. “A barreira é uma semi-esfera completa. Ela penetra no solo tanto quanto se eleva ao céu.”
“Como pode ter certeza?” questionou um dos capitães.
“Tentamos”, respondeu Ul'ham simplesmente. “Três equipes de escavação. Todas encontraram a mesma resistência a dez metros de profundidade.”
Ranael, que observava o debate com impaciência crescente, bateu o punho na mesa. “Não ficaremos aqui indefinidamente escavando como toupeiras! Há semanas estamos neste cerco, e não conseguimos sequer arranhar aquela maldita barreira.”
“A situação é… desafiadora”, concedeu Ul'ham. “E temo que esteja piorando. Recebemos relatos de rebeliões nascentes em alguns dos territórios recém-conquistados do norte. A notícia de que estamos detidos aqui parece estar inspirando resistência.”
Um silêncio pesado caiu sobre a tenda. A conquista do norte havia sido rápida e decisiva, mas também recente demais para que a lealdade ao novo regime estivesse solidamente estabelecida.
“E nossas linhas de suprimentos estão sendo constantemente atacadas”, acrescentou o General Khorsav. “Pequenos grupos de arcanistas emergem do nada, atacam nossas caravanas e desaparecem antes que possamos responder.”
Ranael levantou-se abruptamente, caminhando até a abertura da tenda para contemplar a cidade protegida que brilhava suavemente à distância. A Lâmina da Alma, que permanecia sempre em sua cintura, pulsava levemente, como se pudesse sentir a frustração de seu portador.
“Enquanto isso, eles continuam se abastecendo tranquilamente pelo mar”, murmurou Ranael, observando os navios que entravam e saíam livremente do porto de Aurora Arcana. “Não estamos sitiando a cidade; estamos apenas acampados do lado de fora de seus muros, como mendigos implorando para entrar.”
Ul'ham aproximou-se, mantendo a voz baixa. “Talvez seja hora de uma abordagem diferente. Uma tentativa diplomática.”
Ranael voltou-se para encarar o Paladino Supremo, um sorriso amargo em seus lábios. “Diplomacia? Com a Aurora Arcana? O que propõe? Que peçamos educadamente para que nos abram seus portões?”
“Sugiro uma conferência”, respondeu Ul'ham, imperturbável diante do sarcasmo. “Um encontro entre líderes. Hogan Yampick é conhecido por sua astúcia política tanto quanto por suas habilidades arcanas. Ele pode estar disposto a ouvir propostas.”
Ranael considerou a ideia por um longo momento, seus olhos nunca deixando a cidade protegida.
“Uma conferência”, repetiu finalmente. “Não para mendigar, mas para avaliar nosso oponente mais de perto. Prepare a mensagem, Ul'ham. Veremos o que o grande arcanista tem a dizer.”
A conferência foi arranjada para ocorrer ao amanhecer, em um local neutro — se é que tal coisa existia — na planície entre o acampamento militar e a barreira arcana. Uma estrutura temporária foi erguida pelos soldados de Ranael: uma simples cobertura de lona branca sustentada por quatro postes, com uma mesa e três cadeiras.
O amanhecer trouxe consigo um céu peculiarmente claro, sem nuvens, como se os próprios elementos estivessem curiosos para testemunhar o encontro. Ranael e Ul'ham chegaram primeiro, acompanhados por uma pequena guarda de honra que permaneceu a uma distância respeitosa. Ranael usava sua armadura de guerra completa, a Lâmina da Alma em destaque em sua cintura. Ul'ham vestia suas tradicionais vestes negras de Paladino Supremo, embora seu martelo tivesse sido deixado no acampamento como gesto de boa-fé.
Não tiveram que esperar muito. Do lado oposto, próximo à barreira, um único homem aproximou-se caminhando com passos medidos e elegantes. Hogan Yampick vestia túnicas formais em tons de azul profundo e dourado, sem qualquer armadura visível — uma demonstração de confiança em sua proteção arcana. Quando se aproximou da estrutura temporária, a barreira se abriu brevemente para deixá-lo passar, fechando-se imediatamente atrás dele. Não havia guardas acompanhando-o.
Hogan inclinou levemente a cabeça em um cumprimento mínimo, mas formal. “Rei Ranael. Paladino Supremo Ul'ham. Uma honra finalmente conhecê-los pessoalmente, embora as circunstâncias sejam… peculiares.”
Sua voz era melodiosa e articulada, carregando a confiança de alguém acostumado a comandar atenção em qualquer ambiente.
“Hogan Yampick”, respondeu Ranael, retribuindo o aceno com igual formalidade. “Espero que possamos ter uma discussão produtiva.”
Os três homens sentaram-se à mesa, formando um triângulo de poder que representava as três maiores forças do continente.
“Devo parabenizá-los”, começou Hogan, suas mãos repousando tranquilamente sobre a mesa, “pela impressionante campanha militar. Conquistar todo o norte de Anthares em menos de um ano é um feito que os historiadores estudarão por gerações.”
“O feito ainda não está completo”, retrucou Ranael, seus olhos fixos em Hogan. “Enquanto Aurora Arcana permanecer independente, a unificação de Anthares continuará sendo apenas um sonho.”
Hogan sorriu levemente. “E seria uma pena se esse sonho encontrasse seu fim nas muralhas de nossa cidade, não é mesmo? Que mancha seria em sua história — o grande unificador, detido na última fortaleza.”
Ranael tensionou-se visivelmente, e Ul'ham interveio antes que a situação se deteriorasse.
“Estamos todos cientes da situação atual”, disse o Paladino Supremo, sua voz calma e medida. “Um impasse que não beneficia nenhuma das partes. Este cerco prolongado prejudica tanto o exército unificado quanto Aurora Arcana.”
Hogan ergueu uma sobrancelha. “Prejudica Aurora? Interessante perspectiva. Nossos armazéns estão cheios, nosso comércio marítimo continua florescendo, e nossos cidadãos vivem suas vidas em relativa normalidade atrás de nossa barreira. Enquanto isso, seu exército permanece exposto aos elementos, com linhas de suprimento cada vez mais tensionadas, e crescentes problemas de deserção, pelo que ouvi dizer.”
“Seu comércio terrestre está completamente interrompido”, contra-argumentou Ul'ham. “As caravanas que levavam suas preciosas runas arcanas para clientes em todo o continente, não podem mais atravessar nossas linhas. Seguramente isso representa uma perda significativa de receita.”
“Um contratempo temporário”, concedeu Hogan com um gesto displicente. “Um pequeno preço a pagar pela liberdade e independência de nosso povo.”
O debate continuou por quase uma hora, um duelo verbal onde cada parte tentava avaliar as fraquezas da outra sem revelar as próprias. Eventualmente, após várias voltas retóricas que não levaram a lugar algum, Ranael decidiu ser direto.
“Vamos ao ponto, Arcanista”, disse ele, inclinando-se para frente. “Aurora Arcana não pode permanecer como uma ilha isolada em um continente unificado. A proposta que trago é simples e, creio eu, generosa: mantenha sua autonomia interna, suas tradições e seu sistema de governo, mas jure lealdade formal ao Império de Ranael. Assim como Ygha mantém sua identidade cultural e religiosa enquanto reconhece a autoridade suprema do Império.”
Hogan considerou a proposta por um momento, seus olhos azuis profundos estudando o rosto de Ranael.
“Uma oferta interessante”, respondeu finalmente. “Mas devo respeitosamente decliná-la. Aurora Arcana já possui autonomia e independência completas. Por que trocá-las por uma versão diluída das mesmas, adornada com uma corrente dourada de vassalagem?”
Antes que Ranael pudesse responder, um movimento à distância capturou a atenção de Ul'ham. Uma pequena figura corria na direção deles, vinda da barreira arcana, que se abriu brevemente para deixar passar o recém-chegado.
Era um menino de aproximadamente seis anos, com cabelos negros como os de Hogan, vestido com túnicas simples em azul-claro. Seus olhos, do mesmo azul intenso característico da linhagem Yampick, brilhavam com curiosidade infantil.
“Pai!”, chamou o menino, correndo para Hogan, que imediatamente se levantou para recebê-lo. A criança parou abruptamente ao notar os estranhos, escondendo-se parcialmente atrás das pernas do pai.
“Eron”, Hogan murmurou, colocando uma mão protetora sobre o ombro do filho. “Não deveria estar aqui.”
O pequeno Eron observava Ranael e Ul'ham com uma mistura de medo e fascínação, seus olhos grandes estudando os visitantes desconhecidos.
Ul'ham sorriu gentilmente para a criança, mas seus olhos calculavam rapidamente. “Seu filho?”, perguntou, embora a semelhança tornasse a resposta óbvia.
“Sim”, respondeu Hogan, sua postura sutilmente mais tensa. “Peço desculpas pela interrupção. Talvez seja melhor concluirmos esta reunião por hoje.”
“Certamente”, concordou Ul'ham prontamente, levantando-se. “Agradeço seu tempo, Arquimago Yampick.”
Ranael parecia prestes a protestar, mas um olhar significativo de Ul'ham o fez reconsiderar. Os três homens trocaram despedidas formais, e Hogan retornou à barreira com o filho, que continuava lançando olhares curiosos para trás.
Quando estavam novamente sozinhos, caminhando de volta ao acampamento, Ranael questionou a interrupção abrupta.
“Por que encerrar a reunião quando finalmente estávamos chegando ao cerne da questão?”
Ul'ham manteve o passo, sua voz baixa para que apenas Ranael o ouvisse. “Porque acabamos de descobrir algo potencialmente valioso. O filho de Hogan Yampick. Um ponto de pressão que não havíamos considerado anteriormente.”
Os olhos de Ranael brilharam com compreensão, e um sorriso lento formou-se em seus lábios. “Inteligente, meu amigo. Muito inteligente.”
Naquela noite, na tenda de comando, Ul'ham compartilhou informações que haviam sido coletadas nas semanas anteriores, mas que só agora ganhavam real significância.
“Nossos observadores relataram algo curioso”, explicou ele a Ranael, que o escutava com atenção intensificada. “Em várias ocasiões, uma pequena figura foi vista próxima ao limite da barreira arcana, do lado de dentro. Uma criança que parecia estar brincando sozinha.”
Ranael assentiu, começando a entender aonde Ul'ham queria chegar.
“Em pelo menos três ocasiões distintas”, continuou o Paladino Supremo, “esta criança foi vista fazendo algo extraordinário — desaparecendo de um ponto e reaparecendo instantaneamente em outro, a alguns metros de distância.”
“Teletransporte”, concluiu Ranael, surpreso. “Pensei que fosse impossível com o arcanismo.”
“Aparentemente, também era considerado impossível dentro de Aurora Arcana”, respondeu Ul'ham. “Pois em uma dessas ocasiões, nossos observadores testemunharam algo verdadeiramente notável — a criança se teletransportou para fora da barreira arcana.”
Ranael levantou-se abruptamente, a implicação atingindo-o com força total. “O filho de Hogan. Ele pode atravessar a barreira.”
“Exatamente. E pelo que vimos hoje, trata-se certamente do jovem Eron Yampick”, confirmou Ul'ham. “Mais interessante ainda: quando percebeu que estava sendo observado, ele imediatamente se teletransportou de volta para dentro da barreira e não reemergiu por vários dias. Isso sugere que sua habilidade é um segredo — talvez até mesmo para seu pai.”
Ranael caminhou pela tenda, sua mente trabalhando rapidamente. “Se pudermos capturar o menino quando ele sair…”
“Teremos uma moeda de troca inestimável”, completou Ul'ham. “O herdeiro da dinastia Yampick, filho do homem que comanda a mais poderosa fortaleza arcana do continente.”
“Como proceder?”, questionou Ranael, já considerando as implicações táticas.
“Com sutileza”, respondeu Ul'ham. “Soldados uniformizados apenas alertariam o menino. Precisamos de uma abordagem mais… criativa.”
Nos dias seguintes, um plano foi cuidadosamente elaborado. Um pequeno grupo de soldados experientes foi selecionado e instruído a vestir roupas civis comuns. Brinquedos rústicos foram fabricados — pequenos cavalos de madeira, bolas coloridas, piões elaborados — e espalhados estrategicamente próximo ao local onde o menino havia sido visto anteriormente.
A paciência era essencial. Durante três dias, os soldados disfarçados mantiveram vigilância discreta, sempre mantendo distância, escondidos em arbustos ou pequenas depressões no terreno. No quarto dia, sua persistência foi recompensada.
Ao entardecer, quando o sol começava sua descida no horizonte ocidental e longas sombras se estendiam pela planície, a barreira arcana brilhou levemente em um ponto específico, não muito distante de onde os brinquedos haviam sido dispostos. Uma pequena figura materializou-se do lado de dentro, olhando cautelosamente ao redor.
Era Eron, vestindo roupas simples de criança e carregando o que parecia ser uma pequena runa experimental. O menino observou os arredores por quase um minuto completo, claramente verificando se havia alguém por perto. Satisfeito com a aparente solidão, fechou os olhos em concentração e, em um piscar, desapareceu, reaparecendo instantaneamente do lado de fora da barreira.
Seus olhos brilharam ao avistar os brinquedos espalhados pelo chão. Com a curiosidade natural de uma criança, aproximou-se cautelosamente, ainda olhando regularmente ao redor. Pegou um pequeno cavalo de madeira, examinando-o com fascínio infantil, antes de passar para uma bola colorida feita de trapos costurados.
Foi quando se abaixou para pegar um pião particularmente elaborado que a armadilha se fechou. Um dos soldados, escondido em uma moita próxima, emergiu silenciosamente atrás do menino. Com um movimento rápido e preciso, acertou a têmpora de Eron com a bainha de sua espada — forte o suficiente para atordoá-lo, mas com cuidado para não causar dano permanente.
Eron caiu inconsciente instantaneamente, a pequena runa que carregava rolando de sua mão. O soldado imediatamente o envolveu em uma capa escura e fez um sinal para seus companheiros ocultos. Em segundos, estavam se afastando rapidamente, carregando seu precioso prisioneiro para o acampamento principal.
Quando o garoto foi trazido à presença de Ranael e Ul'ham, o rei examinou-o com uma mistura de curiosidade e calculismo. O menino havia sido colocado em uma tenda confortável e bem guardada, com comida e água disponíveis, tratado com todos os cuidados que um prisioneiro real merecia — mas um prisioneiro, não obstante.
“Foi mais fácil do que esperava”, comentou Ranael, observando o menino adormecido. “Agora veremos quanto vale o herdeiro de Aurora Arcana para seu pai.”
O dia seguinte amanheceu com um céu coberto por nuvens pesadas que prometiam chuva. A atmosfera carregada parecia um reflexo perfeito da tensão que permeava tanto o acampamento militar quanto a cidade arcana.
Assim que o desaparecimento de Eron foi descoberto, Aurora Arcana entrou em estado de alerta. A barreira arcana intensificou seu brilho, pulsando ocasionalmente com cores mais intensas, e patrulhas de arcanistas foram vistas movendo-se rapidamente ao longo do perímetro interno da proteção mágica.
Ranael não perdeu tempo. Um mensageiro sob bandeira branca foi enviado até a barreira, carregando um pedido formal de conferência urgente com Hogan Yampick. A resposta veio quase imediatamente — uma aceitação lacônica, designando o mesmo local do encontro anterior para duas horas mais tarde.
A estrutura temporária da primeira conferência ainda estava de pé, embora a lona branca estivesse agora manchada pela poeira levantada pelo vento constante da planície. Desta vez, Ranael chegou acompanhado não apenas por Ul'ham, mas também por dois guardas que escoltavam uma pequena figura encapuzada — Eron, consciente, mas silencioso, seu rosto parcialmente visível sob o capuz largo.
Do outro lado da barreira, que continuava pulsando com energia intensificada, Hogan Yampick emergiu sozinho. Mesmo à distância, era possível perceber a mudança em sua postura — a elegância calculada havia dado lugar a uma tensão palpável, e seus olhos moviam-se rapidamente, procurando.
Quando a barreira se abriu para permitir sua passagem, Hogan caminhou diretamente para a estrutura temporária, seu olhar fixando-se imediatamente na pequena figura encapuzada. Por um instante, uma expressão de puro medo atravessou seu rosto normalmente composto, rapidamente substituída por uma fúria contida.
“O que significa isso, Ranael?”, perguntou, sua voz antes melódica agora carregando um tom perigosamente baixo.
Ranael sorriu, gesticulando para que todos tomassem seus lugares à mesa. “Uma mudança nas circunstâncias de nossa negociação, nada mais. Por favor, sente-se, Arcanista.”
Com um gesto de Ranael, um dos guardas removeu o capuz de Eron. O menino piscou sob a luz súbita, seus olhos azuis instantaneamente procurando e encontrando os do pai. Não havia ferimentos visíveis nele, apenas o olhar assustado de uma criança em situação desconhecida.
“Pai”, sussurrou Eron, sua voz pequena quase inaudível sob o vento que começava a intensificar-se com a aproximação da tempestade.
O rosto de Hogan transformou-se completamente. Todo o verniz de civilidade desapareceu, substituído por uma raiva primordial que poucos jamais testemunharam no sempre controlado Arcanista Supremo de Aurora Arcana.
“Você ousa”, sibilou ele, seus olhos agora brilhando com energia arcana mal contida, “usar uma criança como peão em seus jogos de conquista? Isto é baixo até mesmo para alguém que conquistou meio continente através da traição e da brutalidade.”
A temperatura ao redor da mesa pareceu cair alguns graus, e pequenas descargas de energia arcana começaram a dançar nos dedos de Hogan. Os guardas de Ranael instintivamente recuaram um passo, suas mãos indo para os cabos de suas espadas.
“Controle-se, Arcanista”, advertiu Ranael, sua mão repousando casualmente sobre o cabo da Lâmina da Alma. “Seu filho está ileso e permanecerá assim, dependendo inteiramente de suas próximas ações.”
Ul'ham, percebendo o perigo iminente da situação, interveio com voz calma, mas firme. “Ninguém deseja que esta situação escale para violência, Lord Yampick. Especialmente não na presença do jovem Eron.” Ele fez uma pausa significativa, olhando diretamente para as mãos de Hogan, onde a energia arcana continuava a crepitar. “Lembremo-nos de que estamos todos líderes com responsabilidades maiores que nossas emoções pessoais.”
As palavras pareceram penetrar a névoa de fúria que envolvia Hogan. Lentamente, lutando visivelmente por controle, o arcanista fechou os olhos por alguns segundos. Quando os reabriu, a energia havia diminuído, embora a raiva permanecesse claramente visível em seu olhar.
“Diga o que quer, Ranael”, falou finalmente, sua voz controlada novamente, mas carregando um tom gélido que não estava presente antes.
“O mesmo que sempre quis”, respondeu Ranael. “A rendição de Aurora Arcana. O reconhecimento formal de minha autoridade sobre todo Anthares. A joia final na coroa do continente unificado.”
Hogan olhou para seu filho, que mantinha os olhos fixos nele, claramente assustado, mas tentando ser corajoso. Algo no olhar da criança pareceu afetá-lo profundamente.
“Você não entende com o que está brincando”, disse Hogan, voltando-se para Ranael. “A mesma energia que alimenta nossa barreira protetora poderia ser redirecionada para ofensiva. Poderíamos incinerar seu exército onde ele está, transformar essa planície em um mar de chamas arcanas que continuariam a arder por décadas.”
“Mas não o fará”, respondeu Ranael com confiança. “Não enquanto seu herdeiro estiver sob minha guarda.”
Ul'ham escolheu este momento para intervir novamente. “Lord Yampick, Rei Ranael, creio que ambos compartilhamos o desejo de resolver esta situação de maneira que preserve vidas — de soldados e civis, e especialmente a do jovem Eron.”. Ele fez uma pausa, verificando se tinha a atenção de ambos. “A proposta anterior continua na mesa: Aurora Arcana mantém sua autonomia interna, suas tradições e seu sistema de governo, reconhecendo apenas nominalmente a autoridade do Império. Uma aliança, mais que uma conquista.”
Hogan olhou longamente para seu filho, depois para a cidade que brilhava atrás da barreira arcana — o legado de seu ancestral, a maior realização de Anthares, o último bastião verdadeiramente independente do continente.
“Quais são os termos específicos?”, perguntou finalmente, sua voz baixa e resignada.
Ranael percebeu a mudança, o princípio de uma rendição, e pressionou sua vantagem. “Aurora Arcana se submeterá aos impostos imperiais. Fornecerá assistência militar quando requisitada. Seguirá as diretrizes políticas gerais do Império nas relações com outros territórios. Em troca, manterá seu governo interno, suas tradições arcanas, e o direito de comercializar livremente.”
“E meu filho?”, perguntou Hogan, seus olhos nunca deixando o pequeno Eron.
“Será devolvido imediatamente após a assinatura do tratado formal”, respondeu Ranael. “Tem minha palavra.”
Hogan considerou, por um longo momento, seu rosto era uma máscara de cálculo e emoção contida. Finalmente, olhou diretamente para Ul'ham, ignorando Ranael.
“Exijo condições adicionais”, declarou com firmeza renovada. “Primeiro, meu filho será devolvido não após a assinatura, mas como parte do próprio ato de rendição. Segundo, todas as forças do Império recuarão para além das montanhas do norte imediatamente após a cerimônia. Terceiro, nenhum soldado imperial entrará em Aurora Arcana sem permissão explícita. E quarto, a linhagem Yampick continuará a governar Aurora Arcana enquanto existir, sem interferência na sucessão.”
Ranael começou a protestar, mas Ul'ham o interrompeu com um gesto sutil. “Termos aceitáveis”, declarou o Paladino Supremo, para surpresa de todos à mesa. “Com uma condição: a barreira arcana será desativada permanentemente. Aurora Arcana não pode permanecer como uma fortaleza impenetrável dentro do Império.”
O conflito era claramente visível no rosto de Hogan — o estrategista político lutando contra o pai protetor, o guardião de um legado de oitenta anos enfrentando a realidade implacável do momento presente.
“A barreira será desativada”, concordou finalmente, “mas a Grande Runa permanecerá intacta, como patrimônio cultural de Aurora Arcana.”
Ul'ham assentiu em aceitação. “A cerimônia formal será realizada ao meio-dia de amanhã, na fronteira leste da cidade. Traga seus conselheiros e prepare os documentos necessários. O Império fará o mesmo.”
Hogan levantou-se, seus olhos nunca deixando o filho. “Até amanhã, então.”
Quando o arcanista deu as costas para retornar à barreira, Eron fez um movimento como se quisesse correr para o pai, mas foi gentilmente contido pelo guarda ao seu lado. Hogan parou por um momento, olhando por sobre o ombro.
“Ele ficará bem”, garantiu Ul'ham. “Tem minha palavra pessoal.”
Com um breve aceno de reconhecimento, Hogan continuou seu caminho, a barreira arcana abrindo-se e fechando-se atrás dele como a cortina final de um ato de tragédia.
Ao meio-dia do dia seguinte, sob um céu que havia clareado após a tempestade noturna, ocorreu a cerimônia formal que marcaria o fim da independência de Aurora Arcana e completaria a unificação de Anthares sob o Império de Ranael.
A barreira arcana havia sido parcialmente recuada para criar um grande espaço aberto na fronteira leste da cidade. Ali, uma plataforma elevada havia sido construída durante a noite pelos soldados imperiais, adornada com os estandartes de Ranael, Ygha e, ao centro, ainda orgulhosamente erguida, a bandeira de Aurora Arcana com seus símbolos arcanos bordados em fios de prata e laranja.
Milhares de cidadãos de Aurora Arcana se reuniram para testemunhar o evento histórico, seus rostos mostrando uma mistura de emoções — resignação, preocupação, curiosidade e, em alguns casos, até mesmo esperança de que a nova era pudesse trazer benefícios inesperados.
Do lado imperial, o exército unificado estava formado em fileiras perfeitas, criando um corredor impressionante que se estendia da plataforma central até onde a vista alcançava. Armaduras polidas refletiam a luz do sol, e estandartes tremulavam ao vento suave — uma demonstração calculada do poder militar que finalmente havia dobrado a última resistência do continente.
Ranael subiu à plataforma primeiro, vestindo sua armadura cerimonial completa e com a Lâmina da Alma proeminentemente visível em sua cintura. Foi seguido por Ul'ham, cuja presença austera em suas vestes negras de Paladino Supremo oferecia um contraste dramático com o brilho metálico do conquistador.
Do lado da cidade, Hogan Yampick emergiu acompanhado por doze arcanistas seniores, todos vestindo túnicas formais em variações de branco e dourado. O Arcanista Supremo caminhava com a dignidade de quem, mesmo na derrota, mantinha uma nobreza intrínseca. Seus olhos, no entanto, moviam-se constantemente, procurando por seu filho.
Eron foi trazido à plataforma por dois guardas imperiais que o tratavam com cuidado respeitoso. O menino, vestido com roupas limpas e bem cuidadas, correu imediatamente para o pai assim que o viu, abraçando suas pernas com força. Hogan se ajoelhou brevemente, sussurrando algo ao ouvido do filho antes de se levantar novamente, sua mão segurando firmemente a de Eron.
O documento formal de rendição foi apresentado — um pergaminho elaborado detalhando os termos que haviam sido acordados na conferência anterior. Hogan o leu cuidadosamente, verificando cada palavra antes de aceitar a pena oferecida por um dos conselheiros de Ranael.
Houve um momento de silêncio absoluto quando Hogan hesitou, a pena pairando sobre o pergaminho. Seus olhos encontraram os de Ranael em um último confronto silencioso — um lembrete mudo de que esta rendição era forçada, não voluntária. Então, com movimentos precisos e controlados, assinou seu nome, seguido pelos títulos oficiais: Hogan Yampick, Arquimago Supremo de Aurora Arcana, Guardião do Arcanismo.
Ranael assinou em seguida, com um floreio extravagante: Ranael, Imperador de Anthares, Unificador do Continente. Ul'ham foi o último a assinar, como testemunha e garantidor do acordo: Ul'ham, Paladino Supremo de Ygha, Voz dos Deuses Gêmeos.
Assim que as assinaturas foram concluídas, Ranael ergueu o pergaminho para que todos pudessem ver, sua voz poderosa carregando-se sobre a multidão.
“Hoje marca o início de uma nova era para Anthares! Um continente, um povo, um império!”
Os soldados imperiais responderam com um rugido ensurdecedor, batendo espadas contra escudos em aprovação ritmada. Os cidadãos de Aurora Arcana permaneceram em um silêncio contemplativo, observando o momento em que sua história mudava irrevogavelmente.
Seguindo os termos do acordo, Hogan dirigiu-se à Grande Runa no topo da Torre Celestial, visível de onde estavam como um disco brilhante contra o céu. Com um gesto complexo e várias palavras de poder, desativou a barreira arcana que havia protegido a cidade. A cúpula alaranjada tremulou e desapareceu, deixando Aurora Arcana aberta pela primeira vez em meses.
Conforme acordado, o exército imperial iniciou imediatamente sua retirada, as primeiras unidades já marchando para o norte enquanto a cerimônia ainda era concluída. Ranael permaneceu na plataforma, observando a cidade que finalmente havia conquistado — não pela força das armas, mas através de uma vulnerabilidade muito mais humana.
Hogan, ainda segurando firmemente a mão de Eron, virou-se para retornar à cidade. Antes de partir, no entanto, olhou uma última vez para Ranael e Ul'ham.
“Lembrem-se de que a história julga os conquistadores não apenas por suas vitórias, mas por como tratam os conquistados”, disse, sua voz baixa, mas perfeitamente audível na plataforma silenciosa. “Aurora Arcana se curva hoje, mas sua luz arcana continuará a brilhar. Essa luz pode iluminar ou queimar — a escolha será sua.”
Com essas palavras, Hogan Yampick conduziu seu filho de volta à cidade, sua postura ereta e orgulhosa apesar da derrota formal que acabara de assinar.
Ranael observou-os partir, um sorriso de satisfação em seu rosto marcado pela cicatriz. “Finalmente”, murmurou, “Anthares está unido sob uma única bandeira. Minha bandeira.”
Ul'ham permaneceu em silêncio, seus olhos seguindo a figura distante de Hogan e seu filho. Havia algo em seu olhar — não exatamente arrependimento, mas talvez uma reflexão mais profunda sobre o preço da vitória e o verdadeiro significado da conquista.
Ao entardecer, quando o sol começava sua descida no horizonte oeste, a última unidade do exército imperial deixava os arredores de Aurora Arcana, seguindo para o norte conforme prometido. A cidade permanecia intacta, sua beleza arcana inalterada, suas torres e domos brilhando contra o céu alaranjado — agora parte de um império maior, mas ainda carregando o legado inquebrável dos Yampick.
Na Torre Celestial, Hogan abraçava seu filho enquanto observava a partida das forças imperiais. Sua expressão era ilegível, uma máscara perfeita escondendo pensamentos que poucos poderiam compreender. Apenas seus olhos, aqueles olhos azuis profundos característicos de sua linhagem, revelavam um brilho peculiar — não de derrota, mas de uma determinação paciente que transcendia o momento presente e olhava para um futuro ainda não escrito.
O sol finalmente se pôs, e as primeiras estrelas começaram a aparecer no céu noturno. Aurora Arcana acendeu suas lanternas arcanas, iluminando a cidade com aquele brilho alaranjado característico que havia se tornado sua marca registrada. Da distância, para qualquer observador casual, nada parecia ter mudado.
O cerco havia terminado. Anthares estava unificado. Uma nova era havia começado.
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Yampick
"Um dos pilares da criação de Arcania."